terça-feira, 11 de junho de 2013

A 1ª Saída à noite

Sexta Feira foi a primeira saída à noite do H. Todos os anos fazem um Sarau na escola à noite uns dias antes do final das aulas. O H. não costuma ir porque é à noite, o pai não costuma estar em casa para o ir buscar caso seja preciso e eu com o baby não podia sair de casa tão tarde e ainda por cima para o ir buscar a pé. Ele também nunca mostrou grande interesse em ir e nós desvalorizamos.
 
Mas este ano foi diferente. Como ainda anda a mostrar que está a mudar e a recuperar a nossa confiança, não foi um pedir para ir à festa. Timidamente falou antes do jantar que havia festa na escola e que iam quase os amigos todos e que se calhar ia ser giro. E que gostava de ir.
 
A atitude dele está muito diferente. Anda empenhado nos estudos, mostra que se importa, está mais desenrascado e finalmente parece que acordou. Até em casa a postura mudou muito, já não o vejo de cara fechada, emburrado, sempre com ar aborrecido, porque não há nada para fazer, nem vontade para tentar fazer alguma coisa...
 
Anda entusiasmado, as notas subiram consideravelmente, não vão ser o que queríamos e que sabemos que ele é capaz, mas depois de um 2º período desastroso, o balanço é muito positivo. A postura nas aulas também melhorou, porque estou sempre em sintonia com a Directora de Turma, continua um bocadinho conversador mas tem-se controlado e gerido melhor os conflitos com os colegas e tem acatado melhor as chamadas de atenção dos professores, o que à uns tempos atrás dava logo direito a respostas tortas e claro recadinhos para casa.
 
Achamos por isso que merecia, que estava na hora de lhe dar uma amostrinha do que ele pode ter se cumprir a parte dele, o papel dele na família. Sempre lhe incutimos que a escola é o trabalho dele. O Pai e eu saímos todos os dias para o trabalho e o dele é estudar. Assim como nós temos de cumprir as nossas obrigações no trabalho para recebermos o ordenado, ele tem de estudar para ter boas notas. E não, não acho que se deva dar prendas no final do ano pelas boas notas. As boas notas já são a recompensa. Ver na pauta as notas resultado de um ano de trabalho, devem ser a recompensa.
 
Claro que se ele cumprir com o trabalho dele e com os objectivos que lhe estipulamos, pode ter a liberdade de poder escolher as actividades que quer, sair com os amigos e ter as coisas que gosta. Não como prenda, mas porque é normal, quem trabalha todos os dias tem naturalmente direito aos seus momentos de lazer, de descontracção e é esse principio que lhe queremos incutir. Claro que quem não trabalha e não cumpre não pode ter momentos de lazer, porque já anda a brincar o tempo todo enquanto deveria trabalhar, que foi o que ele andou a fazer no 2º período.
 
Acho que o apertão surtiu efeito. A mudança foi grande e foi tão bom ver a alegria dele quando lhe dissemos que podia ir.
 
Era para ir com um amigo que mora em frente a nós mas como já passava da hora que o amigo ia sair de casa, o pai foi levá-lo, também para ver o ambiente. A escola estava repleta de gente. Miúdos e graúdos porque alguns pais também lá estavam nas barraquinhas a vender comes e bebes!
 
O teste de responsabilidade foi mesmo na volta para casa. A festa acabava à meia noite, levou telemóvel para quando viesse para casa mandar uma mensagem a avisar se vinha com os amigos ou se queria que o pai o fosse buscar e não estabelecemos hora limite para chegar. Eu bem que tentei dizer que o pai tinha de o ir buscar e que era à meia noite. Mas o pai do alto da sua sabedoria, disse que não. Vamos ver qual a atitude dele.
 
E compensou. Às 23h30 estava a mandar mensagem a avisar que estava a vir para casa com o amigo e que não era preciso ir busca-lo (como moramos a 5 minutos da escola, pode bem via a pé). Claro que eu já estava preocupadíssima, porque não gosto que ele ande na rua à noite, mas correu tudo bem e ainda não era meia noite e ele já estava em casa.
 
Todo contente, todo eufórico. Tinha estado com os amigos, divertiu-se e ainda teve direito a beijinho da menina em quem anda interessado. O meu menino está a crescer e a abrir as asinhas e eu só quero abraçá-lo e que ele seja sempre o meu bebé, mas também sei que ele vai crescer quer eu queira quer não, por isso mais vale ser da melhor maneira possível connosco do lado dele. Sei bem que as proibições não resultam, sofri-as na pele e só me fizeram querer o proibido. E se por acaso até era bem comportada e não fui por maus caminhos, sei que muitas vezes alguns para afrontar os pais o fazem e eu não quero esse tipo de relação com o meu filho. Quero deixá-lo viver e experimentar o mesmo que eu quis, conscientemente e com orientação.
 
Queremos viver essas experiências novas com ele e apoiá-lo. Porque ele está a começar a construir a vida dele e nós queremos fazer parte dela.
 

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