quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Parte 2

- Novembro de 2011 - O parto do G. só estava previsto para Dezembro mas algo me dizia que não ia aguentar até às 40 semanas. No dia 21 tive consulta com a médica e confirmou-se as minhas suspeitas, já tinha dilatação e contracções por isso mandou-me para o hospital. Ainda fui a casa buscar a mala e deixar H. com os avós e fomos para o hospital. Foi uma longa noite e dia seguinte, 17 horas de trabalho de parto. Finalmente às 14h00 de dia 22 conhecemos o nosso piquitito, como lhe costumo chamar:-)  É a melhor sensação do mundo, pegar e olhar para o nosso bebé pela primeira vez e pela segunda vez na vida pude comprovar isso. É o bebé mais lindo do mundo e é indescritvel o que se sente, só quem é mãe o sabe... Os dois dias seguintes foram passados no hospital, o G. estava bem e eu também por isso tivemos alta, apesar de ele ter de tomar o suplemento do leite porque o meu não o estava a alimentar convenientemente. Confesso que fui para casa apreensiva mas confiante que o meu leite ia subir, como se costuma dizer, e que as coisas iam ser como do H. Enganei-me.
Quando saimos do hospital liguei à minha mãe que se prontificou a ir logo para minha casa para me ajudar e quando chegamos ela já lá estava. Ficou comigo e com o G.e o Papá foi  o H. que ainda estava na escola e ia passar no supermercado para comprar umas coisas que era preciso. Quando chegamos estava quase na hora do G. comer por isso assim fiz, mudei-lhe a fralda e ele depois de arrotar adormeceu, como de costume. Ainda pensei em deixá-lo com a avó e aproveitar para ir tomar um banho em condições mas como tinha a roupa dele toda na mala, achei melhor arrumar as coisinhas dele primeiro e deitei-o na espreguiçadeira em cima da cama, mesmo ao meu lado. Ainda hoje acho que foi pressentimento, porque passados uns 15 minutos olhei para o meu bebé e estava a acontecer o que eu acho que é o receio de todos os pais quando têm um recém nascido. Acho que nunca contei a ninguém em pormenor o que aconteceu porque ainda hoje me custa lembrar e recordar... Ele não chorou, estava com a mãozinha no ar e a mexer o bracinho e quando olhei para ele vi imediatamente que se estava a engasgar. Peguei nele ao colo e virei-o de barriga para baixo e só queria que ele chorasse para ver se ajudava. Comecei a despi-lo porque como ele não gosta costuma começar a chorar, mas ele nem conseguia. Gritei pela minha mãe que ligou para o meu marido mas ele não atendia e quando finalmente consegui falar com ele disse-me o que fazer, pôr a mão em forma de concha e dar uma pancadinha seca nas costas, mas a chamada foi abaixo. Nem pensei duas vezes e ligamos para o 112 e quando eles ouviram-me dizer que era um recém nascido a engasgar-se vieram de imediato e deram-me as mesmas indicações pelo telefone do que devia fazer. As duas pancadinhas resultaram, graças a deus e quando o pai e a ambulância chegaram ele já estava bem. Isto tudo passou-se talvez em 5 a 10 minutos para ainda hoje parece que foram longas horas de desespero a ver o meu bebé aflito nos meus braços...
Fomos para o hospital, porque apesar de ele já estar bem, a médica aconselhou-nos a ele ser visto e para tentar perceber o que se tinha passado, porque o liquido que lhe saiu pelo nariz não era leite, ele não se entalou com leite, parecia saliva.
Não sei como me aguentei, só sentia as lágrimas constantemente a correr e nem sabia bem o que fazer, ainda por cima ao ver como o H. ficou assustado com a situação e sem perceber o que se estava a passar, mas naquele momento só pensava que tinha de ir para o hospital e ele ficou em casa com os avós.
Quando chegamos ao hospital ele entrou logo como prioritário e eu só conseguia olhar para ele para tentar perceber se ele estava bem, não conseguia falar sequer tal ainda era o choque. Depois lá me acalmei quando me disseram que ele estava bem mas que tinha de fazer uma série de exames e foi quando ouvi o diagnóstico: ALTE com refluxo. Olhamos um para o outro e ficamos com medo de perguntar o que queria aquilo dizer, pensei logo que o meu filho teria alguma doença rara ou coisa assim. Ainda que a medo, perguntamos ao enfermeiro que lhe estava a tirar sangue o que significava aquilo e ALTE significa SIndrome de Morte Súbita em inglês. Não sabia sequer o que dizer nem o que sentir... Entretanto veio a médica que nos explicou que a suspeita era que fosse apenas um problema de refluxo, mas como ele se tinha engasgado, o hospital tem um protocolo no caso de recém nascidos em que é desencadeado logo uma série de exames e que só depois de garantir de que está tudo bem é que ele teria alta. Além disso não tinham a certeza se ele tinha ficado sem respirar e por isso tinha de ser avaliado. Explicou-nos ainda que iria ficar internado na neonatologia e ser monitorizado durante 24 horas até terem a certeza. Já lhe tinham tirado sangue para fazer análises e iria seguir então para o internamento. O choque foi quando me disse que não podiamos ficar com ele, só de manhã é que podiamos voltar e ficar com ele durante o dia.
Eu bem pedi, quase implorei mas a médica olhou para mim e disse-me que mesmo que eu pudesse não me deixava. Eu estava esgotada e tinha de ir para casa recuperar forças porque o meu bebé ia precisar da mãe em condições no dia seguinte. Hoje sei que ela tinha razão, não dormia à quatro noites e estava esgotada mas na altura fiquei de rastos por deixar lá o meu bebé sem saber o que podia acontecer...

3 comentários:

  1. Eu sei que agora está tudo bem com o G., felizmente, mas deixe-me dizer-lhe que sofri consigo durante a leitura do que se passou. Deve ter sido absolutamente horrível.
    A minha filha mais velha, por acaso, nasceu a 22 de novembro de 2006. Não teve qualquer problema grave, mas ainda no hospital chegou a ficar roxa por alguns momentos, nas mãos de uma enfermeira, e passou-me logo pela cabeça que ia ficar sem ela (são aqueles pensamentos parvos que não conseguimos evitar). Não tem a mínima comparação com o que contou, mas por isso mesmo é que só posso imaginar aquilo que sofreu.
    O que é certo é que quando estamos perto de perder alguém, sabemos dar muito mais valor a tê-los connosco depois. Muitos beijinhos.

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  2. Olá Mimi,

    Realmente só quem passa por estes sustos é que sabe e é angustiante. Agora felizmente está tudo bem, e o contar é um bocadinho como terapia para mim mas pode ser que também ajude outras pessoas a superar estas situações.

    E temos aniversariantes no mesmo dia, hihihi...

    Beijinhos

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