segunda-feira, 8 de abril de 2013

Parte 3 - Neonatologia

O serviço de Neonatologia é um espaço avassalador... Uma sala grande, ampla, com cerca de 15/16 incubadoras e berços e todo o tipo de monitores que se possa imaginar.
Para lá entrar os pais têm de vestir uma bata e lavar e desinfetar mãos e braços até aos cotovelos e as mamãs cabelos presos para evitar ter de mexer no cabelo.

Na noite em que o G. teve de ficar internado, fomos acompanhados até ao Internamento de Neonatologia, onde nos explicaram as regras e onde o nosso bebé já estava numa incubadora. Estava só de fralda, cheio de fios, ligado a um monitor que estava a monitorizar a respirar e o coração. Em caso de alguma alteração o monitor dispara um alarme. Os pais só podem lá estar a acompanhar e a tratar do bebé durante o dia, durante a noite não podemos. Cada enfermeira está encarregue de 3 a 4 crianças, não mais do que isso. Nessa noite tive de deixar lá o meu bebé e vir para casa. Na manhã seguinte podíamos entrar a partir das 9 horas.

Não sei descrever a sensação de impotência, desanimo, desespero, sei lá... que sentimos ao ter de vir embora sem ele, sem saber como iriam cuidar dele, se ele ia estar bem, se ia dormir, se ia comer... sem vê-lo... Claro que nos tranquilizaram, que se algo acontecesse nos ligavam logo, mas sente-se um aperto no peito, parece que nos estão a arrancar um pedaço. Honestamente tive medo de perder o meu bebé...

Felizmente, correu tudo bem. Ele passou bem a noite, comeu e dormiu muito bem a noite toda. E não sei como, mas nós também. Quando chegamos a casa o H. já dormia porque no dia seguinte era dia de escola e nós mal os meus pais se foram embora, só queríamos mesmo era nos deitarmos. Pensei que não iria conseguir dormir, e seria o normal em mim, mas o cansaço era tanto e estava de tal maneira ainda em choque, que só me lembro de deitar a cabeça na almofada e não me lembro de mais nada... e parece que alguém entretanto estalou os dedos e acordei.

Fomos levar o H. à escola e fomos para o hospital. Fizemos o ritual da desinfecção, vestimos as batas e entrámos. Lá estava o nosso piquitito, a dormir, mas quase na hora de comer... Entretanto veio a enfermeira encarregue dele que nos disse que tinha estado bem durante a noite, sem alterações e por isso a reagir bem.

Nesse dia fez um electrocardiograma e estava tudo normal. Explicaram-nos que ainda iria fazer mais uma série de exames mas que nos iriam dizendo à medida que fossem sendo agendados. Passamos lá o dia todo com ele, apenas saímos à vez para almoçar na cantina do hospital e o Pai saiu para ir buscar o irmão mais velho para o ir ver por um bocadinho no final da tarde. No serviço de Neo não há visitas, apenas algumas excepções e sempre com autorização da Enfermeira Chefe. Pedimos se era possível o irmão visitá-lo, uma vez que em casa o único bocadinho que o viu foi durante o episódio traumático e o H. também estava preocupado. Ainda pensámos não deixá-lo ver o irmão assim com aqueles fios todos na incubadora mas achamos que não o deixar vê-lo ainda ia ter um efeito pior e o H. ficou todo contente por ver o irmão. Até lhe levou um bonequinho, o Winnie que era dele quando era pequenino. A enfermeira disse-nos que devíamos levar coisas de casa, bonecos e fotos para tornar o espaço do bebé mais acolhedor e não tão impessoal.

Difícil foi à noite. Tivemos de nos organizar, como era 6ª feira o H. foi para casa dos avós e nós voltamos para o hospital e ficamos com o G. até literalmente nos dizerem que tínhamos de ir embora. Mais uma despedida, mais um pedacinho arrancado... mais uma noite longe dele...

E no dia seguinte lá fomos novamente bem cedinho para o hospital, ansiosos por mais um dia e para saber como ele tinha estado...  

1 comentário:

  1. Acompanho esta história com a certeza do desfecho feliz... caso contrário custar-me-ia muito esperar pelas diversas partes! Beijinhos.

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