terça-feira, 2 de abril de 2013

Hoje li o post d'A Pipoca Mais Dois" sobre como é importante o apoio familiar quando se tem um bebé.
 
Sinto uma inveja terrível das pessoas que contam que no dia anterior foram jantar e deixaram o baby com a avó, ou que o bebé está doente mas a avó ficou com ele para a mãe não ter de faltar outra vez ao trabalho ou que os avós simplesmente quiseram ficar com ele para passear, brincar...
 
Eu não tenho essa sorte... Quando o H. era pequenino a minha mãe trabalhava e por isso tinha essa desculpa, de não poder ficar com ele quando ficava doente, eu tinha mesmo de faltar ao trabalho. Mas também nunca se ofereceu para ficar com ele noutras situações, ou melhor, caiu na asneira de começar a ficar com ele uma semana nas férias de verão. A primeira vez até correu bem mas no ano a seguir acabou-se: é que ele andava a fazer "dieta" porque tinha andado doentito e tinha de evitar os fritos e guloseimas e essas coisas, nada de especial a meu ver. Claro que ao terceiro dia a minha mãe achou melhor me ligar a dizer que era melhor levar o menino para casa porque era complicado estar a fazer comida diferente para ele e que o que levavam para comer na praia podia-lhe fazer mal...
 
Claro que lhe disse para o trazer, óbvio... o dificil foi explicar ao miúdo porque não podia ficar com os avós a semana toda como prometido (não lhe podia dizer que a avó não lhe apetecia em vez de fazer panados fritos podia simplesmente grelhar a carne...). Cortou-me o coração olhar para a carinha triste dele a dizer que não podia ficar lá porque estava doente...
 
E eu pergunto: que avó tem coragem de fazer isto, só porque quer estar na praia descansadinha a tostar ao sol?
 
Com o G. pensei que as coisas iam ser diferentes. A minha mãe está mais velha, mais madura e ainda por cima está em casa...
 
Começou logo bem quando poucos dias depois de lhe ter dito que estava grávida, fomos a casa de uns tios meus com os meus pais e a minha tia disse logo, em tom de brincadeira:
 
- Anda lá que agora que estás em casa, vais tomar conta do teu netinho ou netinha!!!
 
Ao que a minha mãe respondeu muito rapidamente:
 
- Ah não, ela não quer, ela prefere pô-lo no infantário, onde anda o irmão...
 
Bem se por acaso estivesse com ideias de lhe pedir para tomar conta dele, perdia logo a vontade. Mas como eu já sei o que tenho, evidente que já estava a contar...
A minha mãe é daquelas pessoas que está sempre a dizer que se precisar de alguma coisa para dizer, mas se eu me queixar que estou cansada ou tenho muito que fazer e não consigo, ela não é capaz de dizer: deixa estar que eu vou aí te ajudar.
Eu não sou pedinchas, não gosto de sobrecarregar os outros e sei que podia choramingar e talvez assim conseguisse mais ajuda, mas não sou assim, não sou capaz...
 
Quando estava grávida e tive de ficar em casa em repouso até o G. nascer, quantas vezes disse à minha mãe que tinha a casa por arrumar e roupas para tratar e que não conseguia por causa das dores e porque arriscava-me a ele nascer, o que ouvia era sempre: Oh deixa lá isso, faz quando puderes, ninguém anda a correr atrás de ti...
 
Pois mas a casa não se arruma sozinha e a roupa não se lava e passa sozinha, dahhhh...
 
Quando o G. nasceu, a história foi a mesma, não me adiantava nada, quando ela ligava a perguntar se estava tudo bem, eu dizer que não dormia à não sei quantas noites seguidas (porque a determinada altura perdi-lhe a conta...), que tinha medo de adormecer com ele ao colo, que quando o H. chegava da escola para almoçar eu estava a dormir porque o G. passou uma fase que dormia das 6h da manhã às 13h da tarde... A resposta era sempre a mesma: estás em casa vai fazendo conforme puderes...
 
Este desligamento já deu uma grande discussão porque até à pouco tempo a minha mãe me acusou de não ver os miúdos muitas vezes e claro que depois de me segurar tantas tantas vezes, lá tive de lhe dizer: que estive em casa 5 meses e ela nunca lá foi passar uma tarde comigo e com os miúdos, brincar com eles ou ajudar a cuidar deles.
 
A minha mãe é AVÓ DE VISITA DE FIM DE SEMANA. Só está disponível para ir lá a casa ao domingo à tarde, porque à 6ª feira à noite o meu pai tem karaté, ao sábado durante o dia tem de ir às comprar e arrumar e à noite vai sempre tomar café a casa dos meus tios...
 
E vai lá visitá-los, não vai ajudar a cuidar deles. Na última discussão pensei que as coisas tinham ficado esclarecidas e até mudou um bocadinho de atitude, passou a ir lá ao sábado e a ligar-me a perguntar quando é que me dava mais jeito porque eu também precisava de descansar e até se ofereceu para ir lá a casa uma vez por semana para me dar uma ajuda na limpeza. E foi: 2 vezes...
 
Deve-se ter assustado, é que eu até sou arrumada e organizada mas é quando tenho tempo e ultimamente só tenho tempo de fazer o minimo indespensável durante a semana, ao fim de semana limpo melhor. Começaram as desculpas e deixou de lá ir.
 
É triste pensar que o G. tem 16 meses e a avó nunca lhe mudou uma fralda, nunca lhe deu a sopa, nem papa, nem nunca o adormeceu... Depois diz que eu não tenho necessidade de faltar ao trabalho quando ele está doente, que lhe podia pedir para ela ficar com ele... Claro que não consigo, se quando lá vai a casa nunca mostrou interesse em fazer estas coisas que são essenciais, não a estou a ver a ter de as fazer com ele doente de um dia para o outro.
 
Mas a má sou sempre eu, a má filha que não os deixa ver os netos mais vezes, que não vai lá a casa (talvez porque o meu marido trabalha na restauração e tem uns horários loucos e tem 2 folgas por semana que não são ao fim de semana e que são os únicos dias que está connosco ao jantar, porque durante o dia os miúdos vão para a escola e eu para o trabalho...) e que não lhes telefona todos os dias para saber como eles estão...
 
Não tenho paciência, estou cansada destes jogos e de ataques e de palavras duras e nenhum apoio. E o pior é que o meu pai também vai nestas histórias e se deixa levar...
 
...estava mesmo a precisar de desabafar...

4 comentários:

  1. Minha querida, li tudo e revi-me imenso no teu relacionamento com a tua mãe. Aqui a nossa relação também é muito difícil. Vir à minha casa normalmente é 2 a 3 vezes por ano. Poder ficar com ele nem sempre. Mas se eu pedir fica muitas vezes. O pior é que o meu filho não gosta de estar na casa da minha mãe sozinho pois não pode fazer nada. E muito autoritária. Só gosta de ir a casa da avó quando eu vou também. Um beijinho. Depois volto mais vezes. Belle

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    1. Obrigada por ter passado por cá. Costumo pensar que o que não nos mata, torna-nos mais fortes e é assim que temos de viver. Muita força.

      Beijinhos

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  2. Apesar dos avós adorarem os netos, sempre levei os meus filhos comigo.
    Até podia estar fechada com eles 12 horas num avião a dar de mamar, a mudar fraldas, mas foram momentos como esses que nos uniram cada vez mais.
    Podia ter ido sem eles, mas não era a mesma coisa.
    Ter um filho é um casamento indissolúvel.
    Um dia vais sentir saudades desses tempos. Não penses que não passei momentos desesperados com 4 filhotes a chamarem ao mesmo tempo, mas o amor compensou tudo.
    Gostei deste cantinho e vou seguir.
    Bjs

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    1. Olá

      Obrigada pela visita e bem-vinda. Os meus filhos são o mais importante para mim e não abdico de tempo nenhum com eles a não ser o estritamente necessário, ou seja para trabalhar. Não era capaz de ir de férias e não os levar, até porque são as alturas em que temos mais tempo para disfrutar deles e das brincadeiras.
      Gostava era que os meus pais fossem mais participativos na vida deles e que a minha mãe ajudasse um bocadinho quando eles estão doentes, mas é uma escolha deles que eu aceito. Só não aceito que depois me digam que não estão com eles porque eu não deixo.
      Obrigada por passar por cá.

      Beijinhos

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